sábado, 11 de junho de 2011

Suporte Básico de Vida: Como Proceder diante de uma Parada Cardiorespiratória?


            Talvez você não seja um aluno de medicina, nem tampouco um candidato a enfermagem, nem pretenda ser um próprio profissional da área de saúde, mas acredite: saber como proceder diante de uma parada cardiorespiratória pode salvar a vida de quem você ama. O Suporte Básico de Vida (SBV) é justamente isso, aquele atendimento que pode ser feito por qualquer pessoa, aquele atendimento que ocorre “ali, agora”, antes mesmo de qualquer socorrista chegar junto com seus equipamentos de resgate. E, sim, você pode fazê-lo. Veja passo a passo de como fazer a Ressucitação Cardiorespiratória (RCP), de acordo com as diretrizes da American Heart Association.


1. Reconhecimento do local e localização da vítima;
1.1-É imprescindível reconhecer rapidamente o local e a posição da vítima e garantir que esses fatores não coloquem em risco sua vida, nem causará qualquer outro tipo de risco às demais pessoas.
1.2-Se estiver sozinho, entre colocar uma placa de sinalização na rua, onde você nem sabe onde está (e terá que procurar no carro da vítima) e socorrer a vítima prontamente, escolha a segunda opção.
1.3-Se estiver acompanhado ou avistar outras pessoas que possam ajudar (situação ideal), peça a elas que sinalizem o local e providenciem a chamada para o serviço de emergência.

2.  Verificação do estado de consciência e da respiração da pessoa;
            2.1-Ajoelhe-se ao lado da mão direita da vítima ao nível de seus ombros.
2.2-Coloque a palma de sua mão (região hipotenar) na testa da vítima, firmando a cabeça da vítima com sua mão, evitando que a mesma se vire ao ser estimulada verbalmente. Se a mesma estiver de “barriga para baixo” posicione suas mãos sobre a cabeça dela, fazendo com que seu antebraço acompanhe suas vértebras cervicais (o antebraço deve ficar em linha reta com a nuca).
2.3-Estimule-a verbalmente e tocando levemente o ombro para avaliar resposta, pergunte “Você está me ouvindo?”. Não faça perguntas do tipo “Está tudo bem?”, se a pessoa está ali, caída no chão, com certeza algo de bom não ocorreu.
2.4-Caso não responda e esteja de “barriga para baixo”, proceda à movimentação da vítima com cuidado (somente para profissionais).

Observação: qualquer resposta da vítima indica a ausência de Parada Cardiorespiratória, logo, deve-se tão somente aguardar o resgate, de preferência já coletando informações da vitima (histórico, data de nascimento, para quem ligar em caso de emergência, etc).

3. Acionamento imediato do serviço de emergência (193/192)
3.1-O acionamento deve ser feito assim que se verificar que a vítima não responde, está sem respiração ou apresenta respiração anormal (gasping), pois isso indica suspeita de Parada Cardiorespiratória (PCR).
3.2-Tenha bom senso. Por exemplo, se for um acidente de carro, chame o serviço de emergência antes mesmo de ver se a pessoa está consciente, já se for aquele churrasco em casa e de repente alguém desmaiou, verifique o estado de consciência primeiro e depois, caso necessário, a leve a um hospital.
3.3-O sinal universal de emergência é dado por esticar a mão direta para cima.

Observação: você deve estar se perguntando “Porque chamar a emergência apenas depois de ver o estado de consciência e respiração da pessoa?” Na verdade, as etapas (1), (2) e (3) são feitas praticamente juntas, em cerca de 20 segundos você já fez tudo, assim essa ordem não altera o grau de sobrevivência da vítima.

4. Verificação do pulso (apenas para profissionais da saúde)
4.1-Não se pode levar mais do que 10 segundo verificando o pulso e, caso não sinta o pulso em 10 segundos, deve iniciar a RCP e usar o DEA se disponível. Se houver alguém, peça para pegar o DEA, se estiver sozinho só pegue o DEA após 5 ciclos (cerca de 2minutos de RCP).
4.2- Os melhores locais para palpação são: a) em adultos: artéria carotídea (aquela no região lateral do pescoço); b) em crianças: artéria carotídea ou braquial; c) em bebês: artéria braquial ou femoral.

5. Iniciar a RCP na ordem “C-A-B”- [Compressão, Ar, Boca-boca]
5.1-São 30 compressões para 2 ventilações, pois essa relação diminui a demora em aplicar a primeira compressão. Exceção para crianças e bebês: se houver dois socorristas a relação pode ser 15:2.

Observação: a ordem “ABC” foi mudada para “CAB”, pois as compressões torácicas fornecem fluxo sanguíneo; ademais estudos indicam que assim a taxa de sobrevivência é maior. Além disso, as compressões torácicas podem ser iniciadas quase imediatamente, ao passo que posicionar a cabeça e obter um selo para a respiração boca a boca ou com bolsa-válvula-máscara/insuflador manual sempre demoram certo tempo.Contudo, em recém-nascidos a ordem continua A-B-C.

6. Compressões torácicas
6.1-As compressões torácicas em recém-nascidos e bebês devem ser feitas um dedo abaixo da linha intermamilar, utilizando apenas dois dedos para compressão. Já em crianças e em adultos a referência é a metade inferior do esterno, sendo que: a) em crianças utiliza-se a região hipotenar de apenas uma das mãos; b) em adultos utiliza-se a região hipotenar de uma das mãos tendo a outra mão sobre a primeira, entrecruzando os dedos entre as mesmas.
            6.2-Freqüência adequada: mínimo de 100 por minuto;
6.3-Profundidade adequada: o esterno adulto deve ser comprimido, no mínimo, 2 polegadas (5 cm). Para crianças 5cm, para bebês 4cm.
6.4-Retorno total do tórax entre as compressões para evitar ventilação excessiva.
Observação: as compressões criam fluxo sanguíneo principalmente por aumentarem a pressão intratorácica e comprimirem diretamente o coração. Compressões geram fornecimento de fluxo sanguíneo, oxigênio e energia, críticos para o coração e o cérebro.

7. Ventilação
7.1-Inclinação da cabeça com elevação do queixo (profissionais de saúde que suspeitarem de trauma: anteriorização da mandíbula). Utilize apenas o ar que esteja em suas bochecas.
7.2-Adultos: pressionar as narinas (fechandooas) ao realizar o procedimento de insuflação pela boca.
7.3- Bebês e crianças: a insuflação deve ser feita abrangendo nariz e boca, caso dê.

8. Utilizando o Dispositivo Externo Automático (DEA) – Apenas profissionais da saúde
8.1-Coloque as pás nos locais indicados e continue fazendo as compressões torácicas. O aparelho irá verificar se o ritmo é chocável ou não. Assim que o DEA dizer “Afasta-se”, pare imediatamente as compressões e afaste-se da pessoa para que não leve um choque.
8.2-Reinicie a RCP começando com compressões imediatamente após cada choque.

Os procedimentos acima descritos devem ser feitos e repetidos até que os socorristas cheguem ao local. Lembre-se de não desistir. Algumas pessoas podem retornar de uma Parada Cardiorespiratória em 15 minutos, outras, depois de cerca de 40minutos. Apenas não desista.




Como referenciar esse texto?
Rodrigues RMC. Vocação Médica (blog): Suporte Básico de Vida: Como Proceder diante de uma Parada Cardiorespiratória? URL: http://vocacaomedica.blogspot.com/2011/06/suporte-basico-de-vida-como-proceder.html. Acessed mês em inglês dia que visualizou a página, 2011."

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